25/01/2006 - 18h29
Astrônomos descobrem um novo planeta semelhante à Terra
SANTIAGO, 25 jan (AFP) - Um novo planeta com características similares às da Terra foi descoberto por um grupo de astrônomos através de uma rede de telescópios distribuída por todo o mundo, informou nesta quarta-feira o Observatório Europeu Austral (ESO), em sua sede em Santiago do Chile.
O novo planeta foi batizado de OGLE-2005-BLG- 390Lb e orbita em torno de uma estrela vermelha com cinco vezes menos massa que o Sol, localizada a uma distância de 20.000 anos-luz, não muito longe do centro da Via Láctea.
A semelhança do planeta com a Terra se dá principalmente no tamanho e na composição, segundo o francês Stéphane Brillant, astrônomo do ESO.
"Em termos de massa, está mais próximo da Terra do que qualquer outro planeta descoberto. Por dentro, tem um centro de formação rochosa que também o torna muito parecido. Não é igual à Terra, mas estamos mais perto do que antes dela", destacou.
"A busca por uma segunda Terra é a força motriz da nossa pesquisa e esta descoberta representa um grande salto à frente, considerando que este planeta é o mais parecido com a Terra que conhecemos até agora", acrescentou o alemão Daniel Kubas, outro membro da equipe de cientistas.
O OGLE se encontra a uma distância de sua estrela três vezes maior que entre a Terra e o Sol e leva 10 anos para fazer seu movimento de translação.
A temperatura de sua superfície beira os 220°Celsius negativos, muito baixa para a existência de vida humana, segundo especialistas do ESO.
Para descobrir o novo planeta foi usado o inovador método de 'microlente', com o qual foram detectados antes outros dois planetas.
Esta técnica utiliza o fundo estrelar como uma espécie de lente de aumento para detectar estrelas distantes. Quando uma estrela que está mais próxima da Terra se sobrepõe a outra mais distante, sua gravidade amplifica a luz deste corpo mais distante, o que o torna mais brilhante e capaz de ser captado pelos telescópios.
"O OGLE é o terceiro planeta extrapolar descoberto até agora através de buscas de microlente", disse o francês Jean-Phillipe Beaulieu, outro dos astrônomos que participaram a pesquisa.
"Para captar e caracterizar estes planetas é necessária uma monitoração precisa e contínua, durante 24 horas, dos eventos de microlente em curso", sustentou Brillant.
Os cientistas do ESO garantem que a microlente é, talvez, a única técnica capaz de detectar planetas similares à Terra.
O Observatório Europeu Austral (ESO), criado em 1962, é a organização européia para a pesquisa astronômica no hemisfério sul. É apoiado por 11 países em suas pesquisas e opera no Chile nos observatórios La Silla e Paranal, situados no deserto do Atacama, o mais árido do mundo.